domingo, 2 de novembro de 2014



Em 2 de Novembro de 2014

Morreu o Ernesto Martins. Desaparece assim um dos livreiros-antiquários de Lisboa com maior prestígio. Doente há já algum tempo, vira-se obrigado a abandonar o seu estabelecimento, a Biblarte, em frente ao jardim de S. Pedro de Alcântara. Por lá passaram, durante muitos anos, todos quantos em Portugal se interessavam pelo livro antigo e muitos estudiosos estrangeiros beneficiaram também do seu saber. Passaram-lhe pelas mãos todas as grandes obras da cultura portuguesa e graça à sua amizade, algumas vezes pude ter o indizível prazer de ter nas mãos, de acariciar e folhear  primeiras edições de alguns grandes autores. Era um conversador emérito e algumas histórias bem interessantes me contou. Recordo uma, em particular: a do pedido que Júlio Dantas lhe fez, era ele muito jovem, de lhe trazer todos os exemplares que encontrasse do panfleto com que Almada Negreiro o atacou: Eu mato o Dantas, pum... Dantas pagava-lhe cada exemplar a vinte e cinco tostões, o que na época não era quantia desprezível, mas sempre lhe disse que não guardava rancor ao jovem artista. Ernesto Martins era um homem generoso. Bom colega para os da mesma profissão, ajudou alguns jovens a singrar no difícil ofício. mas também não recusava - ele que viva dos livros - emprestar alguma obra de que um qualquer investigador necessitasse  consultar por algum tempo. E - disse-me - nunca se arrependeu. Foi este homem que hoje partiu, deixando tristes os seus amigos.

sábado, 21 de junho de 2014




  • Morreu Fernando Sardoeira Pinto - A notícia chocou-me. Quando da minha passagem pelo Diário do Norte, em 1971-1972, encontrei-o na redacção, creio que na secção internacional. Era um bom jornalista,inteligente, correcto, sério e dedicado. Em relação a mim, nesse período conturbado, foi sempre de uma exemplar lealdade. Depois da minha saída para o estrangeiro, ainda mantivemos alguma correspondência mas não voltámos a ver-nos. Desde então, raramente voltei ao Porto e quando o fazia era sempre por tão curtos espaços de tempo que a minha intenção de procurá-lo ficava-se sempre por um comodista «na próxima vez será». Próxima vez que nunca chegou e que já não chegará. Remorsos? Não direi. Não vale a pena chorar sobre o leite derramado. A vida é assim e, creio eu, estamos todos sempre à espera de que o tempo transcorra sem que nada mude. Ficam a saudade e a sensação, que, infelizmente já de outras vezes senti, de ter deixado partir um Amigo sem com ele ter convivido e dele ter recebido tudo o que poderia dar-me. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Nem pensar - «Nem pensar» afirmou ontem o primeiro-ministro na sua entrevista à SIC quando interrogado sobre se se demitira face a um mau resultado nas eleições europeias. «Nem pensar», deve ser a versão democrática da afirmação do Ministro do Interior do Estado Novo, em 1945, quando garantiu: «'O regime não cai nem a tiros nem a votos». A tiros ainda não chegámos.

quarta-feira, 9 de abril de 2014



PROMESSAS - António José Seguro prometeu que, se for eleito, retirará das ruas todos os sem-abrigo. 
Aqui há uns anos, não muitos, outro Secretário-Geral do PS, José Sócrates, prometeu que, se fosse eleito, ia criar 150.000 novos empregos. Foi eleito. 

terça-feira, 1 de abril de 2014

O Manifesto dos 70 -Já alguém terá reparado que a reacção do Governo e dos seus próximos - acusando os signatários de estarem a prejudicar o país, quase lhes chamando traidores - é igualzinha à que o Estado Novo costumava ter quando os oposicionistas divulgavam qualquer Manifesto? Estranhíssima (ou talvez não) semelhança.

domingo, 23 de março de 2014

Trabalho - No dia 18 de Março, no programa «Opinião Pública» que a SIC-Notícias transmitiu à tarde, uma ouvinte perguntava, referindo-se ao Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho: «Como é que um homem que  nunca trabalhou pode compreender o que é o trabalho?»

quarta-feira, 19 de março de 2014

Passos Coelho em Berlim - Parece que, preocupado com o seu encontro com a Chanceler alemã, o Primeiro Ministro português, Pedro Passos Coelho, resolveu estudar alemão. Todavia, assoberbado com as tarefas governamentais, parece que só conseguiu aprender três palavras, suficientes, porém, para dispensar intérprete: jawohl, meine Frau.